“Se...”
Se és capaz de manter a tua calma quando todo mundo em redor te culpa,de crer em ti quando estão todos duvidando e para esses no entanto achar uma desculpa; se és capaz de esperar sem te desesperares, ou enganado, não mentir ao mentiroso, ou sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,e não parecer bom de mais, nem pretensioso; se és capaz de pensar - sem que isso só te atires; de sonhar – sem fazer do sonhos teus senhores; ser encontrado a desgraça e o triunfo, conseguires tratar da mesma forma a esses dois impostores; se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas em armadilhas as verdades que disseste.
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas, e refazê-las com o bem pouco que te reste; se és capaz de arriscar numa única parada tudo quanto ganhaste em toda a tua vida, e perder e, ao perder sem nuca dizer nada, resignando, torna ao ponto de partida; de forçar o coração, nervos, músculos, tudo a dar seja o que fôr que neles ainda existe, e a persistir assim em ti, que ainda ordena: persiste! Se és capaz de, entre a plebe não te corromperes; e, entre reis, não perder a naturalidade e de amigos quer bem quer maus, de defenderes; se a todos podes ser de alguma utilidade; se és capaz de dar segundo por segundo, ao minuto fatal todo o valor e brilho: tua é a terra com tudo que existe no mundo, e
– o que é ainda muito mais – és um homem meu filho!
Tradução de Guilherme de Almeida.
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